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Dia da Iluminação - o legado de Thomas Edison




Faça-se a LUZ! 

Entre crenças, lendas e realidade, a luz sempre permeou nossa existência. De acordo com o livro de Gênesis, a luz foi criada por Deus quando ele proferiu uma simples frase: “faça-se a luz!”, separando o dia das trevas noturnas. Desde então, foram centenas de anos até que nossos antepassados pré-históricos controlassem o fogo, animando um pouco mais as noitadas nas cavernas. Foi exatamente dessa forma que as noites se tornaram períodos minimamente aproveitáveis e confortáveis, por meio de tochas de madeira, velas ou lampiões a óleo ou gás, até o século XIX. “Para obter o óleo utilizado nas lamparinas, muitas baleais foram mortas. Com o tempo, o querosene passou a ser usado, mas a substância produzia muita fumaça e um cheiro forte. Sem contar os incêndios que ocorriam devido a queda desses acessórios”, lembra Denise Consonni, professora do Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas da UFABC.

💡Dia da Iluminação💡

21 de outubro. Em um dia como este, no ano de 1879, o norte-americano Thomas Edison transformava o invento da lâmpada incandescente em algo comercializável, usando uma haste de carvão (carbono). Desde o início do século XIX, vários inventores tentaram construir fontes de luz à base de energia elétrica e, a maior dificuldade, era encontrar um filamento que não queimasse a lâmpada - atualmente é usado o filamento de tungstênio, cuja temperatura chega a 3000°C. Para evitar a combustão dos filamentos, todo o ar da lâmpada é removido e, em seu lugar, são inseridos gases inertes. O grande problema é que o rendimento luminoso da lâmpada incandescente é muito baixo: apenas o equivalente a 5% da energia elétrica consumida é transformada em luz, os outros 95% acabam desperdiçados como calor. Apenas por volta de 1800, com a invenção da bateria elétrica, que se começou a pensar em uma nova forma de produzir luz. Um dos pioneiros foi o inglês Humphry Davy. O químico descobriu que um dos caminhos mais simples era utilizar uma corrente elétrica para aquecer um fragmento de metal até atingir sua incandescência, emitindo luz. Esse embrião foi melhorado e ficou conhecido como a lâmpada de arco, mas era algo ineficiente para o uso cotidiano, pois além de gerar muito calor no ambiente, tinha baixa durabilidade e alto custo de produção.

Cerca de 60 anos depois e após uma série de outros químicos, físicos, mecânicos e inventores terem aperfeiçoado o protótipo de Davy – como Warren de la Rue, que introduziu a ideia de um bulbo fechado à vácuo, e Joseph Swan, responsável por produzir filamentos mais duráveis - um jovem ambicioso de nome Thomas Alva Edison começava a estudar como a energia mecânica poderia se converter em eletricidade. Em dez anos de trabalho, o norte-americano, (dito) educado em casa pela própria mãe, já acumulava em seu currículo algumas importantes invenções. Com o dinheiro recebido com a venda de suas criações, montou uma espécie de fábrica-laboratório, batizado de Menlo Park, em Nova Jersey, nos Estados Unidos. Esse era o ambiente perfeito para a elaboração de uma versão comercial da lâmpada elétrica - a do modelo como conhecemos hoje. Além de uma boa estrutura, Menlo Park reunia uma equipe de físicos, engenheiros, mecânicos e até advogados. Muitos foram estudantes das melhores universidades dos Estados Unidos. “Os empregados eram muito motivados e a maioria admirava Thomas Edison por ele ter sido pobre”, explica a professora da UFABC. Esse verdadeiro trabalho em equipe culminou na resolução de uma série de problemas e novas descobertas. Até que em 21 de outubro de 1879, uma lâmpada composta por um filamento de algodão carbonizado dentro de um bulbo a vácuo brilhou por 45 horas seguidas, sob o olhar atento de Thomas Edison.

Mente inventiva

Thomas Alva Edison registrou mais de 2000 patentes em sua vida e era conhecido como "O Feiticeiro de Menlo Park". Ele foi um dos primeiros inventores a aplicar os princípios de produção maciça ao processo da sua invenção. Entre fãs e desafetos, Edison possui mais de duas mil patentes verdadeiramente em seu nome, como os precursores da vitrola e da câmera cinematográfica, e a saudação “alô” ao telefone – isso porque ele acreditava que a palavra era de fácil entendimento e evitaria possíveis confusões na comunicação. Ele também é o responsável pela fundação da Edison Electric Light Company, que mais tarde se transformaria no que hoje é a gigante GE (General Eletric). A empresa mantem até hoje seu caráter inovador, com centros de pesquisa e desenvolvimento espalhados ao redor do mundo, gerando soluções e invenções. Para fazer suas lâmpadas funcionarem por exemplo, foi necessário um sistema completo de distribuição elétrica. “Muitos inventores já haviam construído a lâmpada antes dele. A solução genial de Edison foi ter criado esse conjunto de alimentação para poder vendê-las. Com isso, ele inventou um sistema de energia que moveu o mundo”, ressalta Antônio Emílio Angueth de Araújo, professor de Departamento de Engenharia Elétrica da UFMG. Entre soquetes, caixas de junção, fusíveis, geradores, motores e condutores subterrâneos, Thomas Edison e sua equipe produziram mais de 50 mil lâmpadas logo no ano seguinte da divulgação do modelo incandescente, além de criarem a primeira central elétrica do mundo, a Pearl Station, para abastecer o distrito de Wall Street, em Nova York (leia o post a respeito AQUI). As mudanças foram rápidas e, sem dúvidas, impactantes. Para se ter ideia, no período de transição era comum encontrar avisos explicativos, alertando que as novas lâmpadas dispensavam o uso de fósforos. “A partir daí, deu-se início a chamada ‘Era da Eletricidade’, novidade que levou iluminação às casas, além de inúmeras outras facilidades. Em 1900, a demanda por lâmpadas elétricas já era de 45 milhões só nos Estados Unidos”, diz Denise Consonni. É interessante observar que, mesmo em um período de intenso desenvolvimento tecnológico, como o observado nas últimas décadas, o modelo incandescente segue praticamente o mesmo princípio de funcionamento apresentado por Thomas Edison. De acordo com a professora da UFMG, os principais aperfeiçoamentos foram a produção de filamentos de tungstênio, capaz de suportar altas temperaturas e o uso de gás argônio dentro do bulbo, que evita a evaporação do novo elemento químico utilizado. Vale lembrar que são necessários cerca de 3.000º graus para a produção de luz em uma lâmpada incandescente. Da energia consumida, 80% é usada para gerar calor e apenas 20% converte-se em iluminação. Devido a esse coeficiente de eficiência energética, o modelo começou a perder mercado depois de reinar absoluto por muitos anos. Hoje, as lâmpadas de Edison passaram a ser substituídas pelas fluorescentes ou de LED – essa última, capaz de converter 40% da energia utilizada em luz. 

Um gênio controverso

Em artigo publicado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Evandro Mirra de Paula e Silva, professor emérito da UFMG, cita a invenção da lâmpada incandescente como um ótimo exemplo de inovação. De acordo com o acadêmico, seu desenvolvimento não foi produto do talento de uma única pessoa. Pelo contrário, exigiu a integração do trabalho de diversos atores. Entretanto, a eleição de Thomas Edison como o maior inovador foi recebida com ressalvas, já que muitos questionam o fato dele "se apropriar" de ideias de outras pessoas, adicionar melhorias e depois patenteá-las. “Talvez devido às muitas dificuldades que passou durante sua infância e juventude, Edison era um homem ressentido e sem muitos escrúpulos para se apropriar do trabalho de outros, caso isso fosse lhe trazer vantagens”, sugere Denise. Dentre suas principais rusgas estava o engenheiro elétrico e ex-funcionário Nikola Tesla. Os dois travaram uma batalha para defender qual seria o melhor sistema de transmissão elétrica a longa distância: o de corrente contínua ou o de corrente alternada. Mesmo perdendo dinheiro e até tentando desmoralizar o oponente eletrocutando animais em praça pública – para mostrar o quanto a outra opção era perigosa - Thomas Edison só se deu por vencido quando o sistema de corrente alternada já era maioria nas instalações públicas. 

O Pai da Iluminação 

Thomas Alva Edison morreu no dia 18 de outubro de 1931, aos 84 anos, em West Orange, Nova Jersey, nos EUA. Mesmo após sua morte, Edison continuou gerando fatos notáveis: todas as lâmpadas dos Estados Unidos foram apagadas durante um minuto como um sinal de respeito a sua morte. Mais de quatro milhões de páginas de documentos ficaram sob os cuidados da Universidade Rutgers e do Edison National Historic Park, que preserva o laboratório e a residência do inventor, em Nova Jersey. O jornal O GLOBO, que vinha informando sobre o agravamento de seu estado de saúde desde o dia 9 de outubro de 1931, noticiou assim seu falecimento:

"O desaparecimento do maior gênio inventivo da humanidade".

Na mesma semana que marca o dia de sua morte (18/10), o Dia Nacional da Inovação (19/10) e o dia da invenção de sua versão da lâmpada (21/10), vale lembrar que Thomas Edison foi eleito a figura mais inovadora de todos os tempos, de acordo com uma pesquisa realizada pela MIT (Massaschusetts Institut of Technology), entre jovens de 16 e 25 anos.

Obrigado, Edison!


LEIA TAMBÉM:
Como Edison (re)inventou a lâmpada - e seus próprios mitos 



Fontes: History, Época     

      

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